domingo, 13 de setembro de 2009

A traição aos lanceiros negros

Nos momentos finais da revolução Farroupilha ocorreu o "Massacre de Porongos", em 1844, na zona rural de Pinheiro Machado, onde os "lanceiros negros" foram mortos pelas tropas imperiais.

Mais uma vez se aproxima a data de 20 de setembro, comemorada no Rio Grande do Sul e pelo mundo afora como uma referência (e certa deferência) aos heróicos atos do exército farroupilha. Bem menos lembrada, mas nem por isso menos heróica, foi a participação de negros neste exército, organizado pela elite gaúcha, os ricos fazendeiros escravocratas do Rio Grande do Sul.

Os lanceiros negros formavam uma tropa especial do exército farroupilha que foi decisiva em muitas batalhas travadas durantes os dez anos de guerra. Porém, segundo André Melo, especialista em História Contemporânea pela Fapa, "Engana-se quem pensa que realmente existiu uma democracia racial entre os farrapos. Os soldados até poderiam ser negros, mas os oficiais eram todos brancos."

Por trás da participação dos negros havia a esperança da liberdade, a alforria, após a guerra. A participação dos negros terminou de forma trágica em 14 de novembro de 1844: a traição de Porongos, com o massacre dos lanceiros negros. Desarmados um dia antes por ordem de David Canabarro, os negros foram alvo fácil para as tropas do Império sob o comando de Francisco de Abreu, o Moringue.

O triste acontecido foi durante muitos anos ocultado da nossa história. Até hoje, grupos ligados ao tradicionalismo negam o episódio, e acusam os historiadores de renegar o heróico passado farrapo. Porém cabe a cada um de nós, estudantes e pesquisadores, fazer lembrar o massacre e desta forma homenagear esses heróis anônimos da luta pelo fim da escravidão.

A traição de Porongos e o massacre dos lanceiros negros é num dos mais lamentáveis episódios da história da humanidade.
É uma façanha que não orgulha, nem serve de modelo para nenhuma terra.

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10 comentários:

Anônimo disse...

POR QUE ocorreu isso?

Prof. Daniel disse...

Prezado Anônimo,
Certamente colocaria em risco a manutencao do modo de producao escravo a libertacao dos ex-cativos que se tornaram soldados da causa farrapa, pois os demais escravos também buscariam sua liberdade.
Além disso, os intergrantes do Batalhao de Lanceiros Negros nao aceitariam pacificamente retornar a sua antiga condicao de escravos de estancias, ou serem enviados para o Rio de Janeiro, integrando o exército; desejariam o que lhes foi prometido: a liberdade.
Por isso foram eliminados.

Anônimo disse...

Prezado Prof. Daniel.

Os Lanceiros Negros lutaram por suas alforrias e tu não achas que mesmo com suas mortes não impactou na produção escravista?? Que diferença faria se o prometido fosse cumprido. Mortos ou alforriados o impacto seria o mesmo. A traição e morte sinalizou que os bam bam bans da Revolução Farroupilha utiliou os cativos como bala de canhão e a independência tão desejada não foi conquistada. Portando o dia 20 de setembro é um dia para ser discutido e não comemorado com uma grande façanha.

Prof. Daniel disse...

Creio que faria diferença sim a libertação dos soldados escravos, anteciparia o movimento abolicionista, que aliás, eram bem visto por alguns dos líderes da causa farrapa, embora não fosse consenso entre eles.

É sabido que existe uma construção sobre os farroupilhas, uma certa idealização, o que é comum na história em diversos países, como mitos fundadores. Nem por isso cabe ao historiador julgar esses homens, que agiam conforme seus juízos e ideologias vigentes em momentos circunscritos do tempo.

Historicizar a Traição de Porongos é retirar o véu que ocultava um fato histórico importante para história do RS, em especial a história do povo negro que esteve sempre sonegada e que é, desde a Lei 10.639/2003, obrigatória no currículo das escolas de todo o Brasil.

Quanto a Carta de Alforria, em 1845 não era ainda permitido aos escravos comprá-la (somente apartir da Lei do Ventre Livre, em 1871), sendo assim seria sim de grande impacto centenas de escravos libertarem-se por seus próprios meios, décadas antes.

Paulo Petersen Loreto disse...

Sou gaúcho mas não entro nessa romantização da revolução liderada pelas elites. Acho que a "traição dos lanceiros negros" deveria ser definitivamente reconhecida e aceita oficialmente nos meios culturais. Acho que a data do massacre deveria ter destaque no calendário aqui no RS.

Nego disse...

olha Paulo , pelo seu jeito de falar , voce é branco , por que para nós negros , nao deveria existir essa data , pq é uma vergonha saber que eles trairam a nossa raça , pisaram em nós "

Rafael disse...

Prezado Nego, certamente você não entendeu a colocação do Paulo. O que ele quis dizer foi que, tendo existido o lamentável episódio de Porongos (e que infelizmente não pode ser desfeito), seria válido que o Rio Grande do Sul o reconhecesse oficialmente, como demonstração de respeito aos negros que foram ali vitimados. Também sou gaúcho e convivi desde pequeno com a idealização da senda farroupilha. A maturidade, entretanto, me trouxe uma visão bastante distinta daquela que tive nos tempos da mocidade. Devemos reler a história da revolução sem os olhos apaixonados da ilusão.
Um abraço.

Anônimo disse...

Ao contrário do que o NEGO falou, eu interpretei o que o Paulo Petersen disse como reconhecimento e respeito pelos negros que lutaram e posteriormente foram traídos. A História do Brasil, infelizmente, foi e vem sendo construída por doutrinadores de interesse. Episódios como esse revelam a ausência do romantismo nas revoltas e revoluções brasileiras. Enquanto no Exército Duque de Caxias é tido como heroi, sabe-se bem de sua nefasta participação em conluio com David Canabarro nesse triste episódio da cultura gaúcha e brasileira. Na escola não aprendemos que a revolução foi feita por negros, assim como também não aprendemos que Tiradentes era um braço da maçonaria brasileira, sob influência da Grande Loge Symbolique de France, a mesma da qual o ex-presidente Nicolas Sarcozy faz parte. Dessa forma, como grandes coroneis faziam parte da maçonaria nacional, Tiradentes teve sua vida poupada, por respeito à influência deles. Logicamente enforcaram um dublê em seu lugar, Tiradentes e tantos outros inconfidentes se exilaram na França - foi um dos compromissos assumidos para que permanecesse anônimo -, sendo custeados pela maçonaria e pelo quinto brasileiro. Anos mais tarde retornou ao Brasil, indo morar até o fim da vida na cidade do Rio de Janeiro. E ainda saiu como heroi.

Luis Otavio disse...

Ao contrário do que o NEGO falou, eu interpretei o que o Paulo Petersen disse como reconhecimento e respeito pelos negros que lutaram e posteriormente foram traídos. A História do Brasil, infelizmente, foi e vem sendo construída por doutrinadores de interesse. Episódios como esse revelam a ausência do romantismo nas revoltas e revoluções brasileiras. Enquanto no Exército Duque de Caxias é tido como heroi, sabe-se bem de sua nefasta participação em conluio com David Canabarro nesse triste episódio da cultura gaúcha e brasileira. Na escola não aprendemos que a revolução foi feita por negros, assim como também não aprendemos que Tiradentes era um braço da maçonaria brasileira, sob influência da Grande Loge Symbolique de France, a mesma da qual o ex-presidente Nicolas Sarcozy faz parte. Dessa forma, como grandes coroneis faziam parte da maçonaria nacional, Tiradentes teve sua vida poupada, por respeito à influência deles. Logicamente enforcaram um dublê em seu lugar, Tiradentes e tantos outros inconfidentes se exilaram na França - foi um dos compromissos assumidos para que permanecesse anônimo -, sendo custeados pela maçonaria e pelo quinto brasileiro. Anos mais tarde retornou ao Brasil, indo morar até o fim da vida na cidade do Rio de Janeiro. E ainda saiu como heroi

Anônimo disse...

MAIS UMA VEZ A ELITE DE BRANCOS TRAIU, A POBREZA POBRE,PORCOS TRIADORES, NÃO PODEMOS COMPACTUAR COM ESSTA MENTIRA, ZEUS